
Era uma pessoa, sentada em cima de sua cama, completamente sem roupa, ouvia Rolling Stones, fumava uns cigarro, e bebia uma vodca barata e pensava em sua tarde, tarde de sexo, sexo mal feito, muito mau-feito por sinal, fumava e lembrava com nojo execrável daquele sexo, bebia em dose generosas e seu nojo aumentava mais ainda, o sexo fora tão mal feito, pensava como alguém poderia fazer sexo, como quem acompanhava a pessoa que fuma, bebe e ouve Rolling Stones, nessa história, só de lembrar vem uma terrível ânsia de vômito, sim fora, fora muito ruim.
Lembrava de como a transa foi algo mecânico, e parece que tudo era cronometrado, nem se o sexo fosse pago, seria feito de forma tão artificial, e tão externa, tão sem intimidade, nunca o pós-sexo dessa pessoa foi sim, causador de asco só no pensar, se essa pessoa não gostasse tanto de sexo, não o fazia nunca mais, tamanho foi o trauma dessa transa, sem prazer, sem motivo, sem sentido, sem sexo,sem nada.
Lembrava-se de todos os detalhes, e isso atormentava, os cigarros e a vodca estavam acabando, o cd dos Rolling Stones estava acabando, e ouvir I can´t get no satisfaction (eu não consigo ter satisfação) por algum motivo desconhecido irritava muito, mas essa era a música mais tocada, já havia tocado varias vezes, e o desprezo, e o asco, assim como a luxúria da pessoa que houve Rolling Stones sem roupa só aumenta. Não a nada pior que sexo mal feito.
Lembra de como foi penoso, chegar ao gozo, e que chegara ao gozo não por prazer, mas por um penoso esforço, uma série incessante de movimentos repetitivos, com maior velocidade e maior força, até por fim o gozo sai, mas como qualquer outro excreção natural do corpo, tanto faz se gozo, catarro, vômito, cuspe, merda, sangue ou mijo, o que diferencia o gozo das outros excreções naturais do corpo, nessa transa, é apenas a sua forma física, seu cheiro, textura e odor, mas o método com que sai, em nada difere de qualquer outra excreção, sim foi ruim, foi muito ruim, foi péssimo, uma boa masturbação teria sido bem mais produtiva.


mãos começam a tocar aquele primeiro com delicadeza, depois com vontade, vontade que aquele sexo precisava, volúpia, e desespero, a música dos Rolling Stones, misturada com os suspiros, gemidos, e as vezes gritos do amor próprio, da re-descoberta do prazer individual, de uma forma como nunca fora sentido, a vontade de que o momento nunca a acabe, a exploração com as mãos de todo o espaço corporal, e a ênfase no sexo, o prazer solitário poder ser bem melhor, do que o prazer coletivo, e a alma começa a transcender cada vez mais, até deixar que o corpo seja completamente dominado pelo prazer, então sai o gozo, e todo aquele corpo se arrepia, sai o gozo como um grito do corpo, que diz que o momento foi bom, acabam-se os cigarros,acaba a vodca, Mick Jagger silencia, e o prazer começa, a pessoa de nossa história, deita ainda sem roupa, em sua cama, e pode agora dormir feliz.